A seguir ao festival sudoeste, e se os atros se alinharem, uma merecida semana de férias, a Sul, perto de Sagres. O único Algarve de que gosto. Vai saber a pouco, claro que vai, mas vai ser melhor que nada.

Palavras que podiam ser minhas, se eu escrevesse assim, e que descrevem tão bem o que ai vem:

"Estamos quase a ir de férias. Mais as delas, que as nossas.
Já me estou a ver a cortar pêssegos aos quadradinhos, a tirar espinhas ao peixe, a separar a ervilha da cenoura e a aplicar protector solar em spray, enquanto elas bufam a olhar para o mar. Já me estou a ver lá na cozinha, a preparar o lanche com um olho na piscina e a despejar estrelitas de madrugada de olhos enramelados.
Já estou a sentir os meus quadris dobrados à procura das sandálias, das braçadeiras e das bolas das raquetes.
Vou goza-las eu sei, com a língua de fora. Desejosa que o mar lhes pese à noite no lombo, para conseguir beber um vinho gelado e olhar para o céu.
A vida é mesmo assim, um sarilho delicioso onde nos colocámos.
Eu queixo-me, faz parte do lamento, faz parte do fermento.
Algures mais à frente, depois do pêssego aos quadradinhos, quando o peixe já não tiver espinhas, eu hei de tirar uns dias de mãe sem filhos, com outro tipo de sarilhos, outro género de lamentos e tantos outros fermentos.
Só porque a vida é mesmo assim."

A Isabel tem duas loiras, eu tenho um mini. Mas há coisas que todas as Mães partilham e sabem serem iguais. 

Imagem: Pinterest

Texto: Isabel Saldanha