Pois é mais ou menos isto
Palavras de uma amiga minha, escritora e guionista, que podiam ser minhas...
Não me apetece fazer piadolas sobre o Orçamento de Estado. Ou melhor: já nem consigo. Estas medidas roubam-me até o sentido de humor (o mesmo que eu preciso para trabalhar e para lhes encher o cu de impostos). Ainda nem fiz as contas do que vai dar este mix de novo IRS/talhada nos recibos verdes/alterações aos direitos de autor, só sei que a talhada é grande. Vivo num país que me diz para não ter filhos, para pensar duas vezes se quero até ter gatos. Vivo num país que me diz que viajar, mesmo em low cost e couchsurfing, é um luxo novo-rico ao qual não tenho direito, mesmo que corte no resto e que me desanque a trabalhar em vários empregos. Vivo num país que me faz olhar com culpa para a televisão nova que comprei, porque se calhar não precisava mesmo dela. Vivo num país que me faz fazer contas com a calculadora numa mão e o medo na outra. Vivo num país onde ganho menos aos 30 anos do que ganhava aos 22. Vivo num país que me impõe sacrifícios que eu não vejo transformados em escolas, em hospitais, em estradas, em ajuda a quem precisa. Afinal, vivo num país que não sabe muito bem para que serve um país. E não há piadola que salve isso.
*suspiro*